Insucesso escolar
De um modo geral, e apesar de ser um conceito complexo, podemos considerar que existe insucesso escolar quando o aluno não atinge os objetivos de escolaridade propostos (resultados expectáveis e progressos efetuados), relativamente à sua idade, ano de escolaridade e no âmbito do programa de ensino traçado para cada ciclo de estudo.
Existem diversos motivos que explicam o insucesso escolar e que devem ser tidos em conta quando falamos desta problemática: o aluno, o meio social e a instituição/ambiente escolar. É nestes fatores, no seu conjunto e na relação entre estas realidades, que muitas vezes encontramos a explicação para as dificuldades de aprendizagem que surgem nas crianças e nos jovens. É precisamente no sentido de ajudar cada aluno a ultrapassar as suas dificuldades específicas que o nosso colégio, ao longo de mais de trinta anos, tem direcionado a sua pedagogia na procura de formas de responder com eficácia à problemática do insucesso escolar num contexto educativo muito heterogéneo, procurando sempre estabelecer pontes com as famílias, com as instituições e com os diversos intervenientes no processo educativo.
São múltiplas as estratégias de combate ao insucesso escolar e até ao abandono escolar utilizadas diariamente por todos os professores, quer no espaço coletivo que é a escola, quer na individualidade da sala de aula, desempenhando estes um papel fundamental na definição e na articulação de qualquer estratégia utilizada.
Assim sendo, é importante perceber que não existem soluções ideais; existem, sim, estratégias que os professores privilegiam e que vão utilizando, com vista a uma maior eficácia no processo de ensino-aprendizagem, e que se prendem com a motivação, com uma adaptação e individualização do ensino ao perfil do aluno, com uma adequação do ritmo de trabalho lecionado, com uma simplificação do processo de ensino, com uma diversificação dos métodos de ensino (nomeadamente com recurso às novas tecnologias), com o apoio ao estudo e com a promoção da autoestima e do espírito de interajuda. A flexibilidade curricular e as expressões que esta adquire também expressam modos através dos quais a escola procura atenuar desvantagens que a sociedade causa a muitas crianças e jovens. Persistir na realização do conceito formal (e ideal) da igualdade de oportunidades, através de um currículo único para todos os alunos, é, seguramente, condenar muitos ao insucesso, principalmente se falarmos de alunos com necessidades educativas especiais. Assim, a flexibilidade curricular pode constituir uma medida preventiva da exclusão e da desmotivação, promovendo um ensino de melhor qualidade e mais próximo de todos.
Com vista a aumentar, em cada dia e em cada aula, o grau de sucesso dos alunos, é fundamental ir ao encontro das suas potencialidades, mudar e adaptar estratégias de acordo com as suas necessidades, conceber percursos escolares mais individualizados e utilizar métodos de avaliação adaptados à heterogeneidade de cada aluno, bem como medidas compensatórias que contribuam para desenvolver as suas capacidades.
Em suma, o fio condutor de uma pedagogia que tem como foco principal o objetivo de combater o insucesso escolar será transmitir a ideia a cada jovem, a cada aluno, de que, para além de todas as técnicas e estratégias utilizadas, a curiosidade, o gosto pelo saber e a prossecução dos nossos sonhos são a peça-chave para o sucesso, tanto na escola como na vida.